sexta-feira, novembro 19, 2004

De um momento para outro, o que era sol havia se tornado nuvem. Mas a chuva não caía de uma vez para me aliviar aquele sentimento de traição. Sentia-me um pouco como vítima, um pouco como assassina.
Cruzei as pernas devagar. Não era um movimento sensual, senão ameaçador. Fazia questão de manter o olhar fixo, como se isso mantivesse todo o meu corpo numa posição estática e de alerta. Um movimento em falso e eu partiria, leoa, para o ataque.
Minutos de silêncio. Respiração- eu não respirava mais. Sei que havia mais gente ao meu redor, mas parecia que estava sozinha com minha presa.
Os longos instantes do ritual de enganar a mim mesma.