terça-feira, abril 17, 2007

"...Por quê?"

Ela continuava, impassível, a me questionar, embora soubesse das respostas.

"Não finja que nunca trilhou esses caminhos. Conheces cada saída e cada beco escuro e úmido por onde possas se desaventurar. E no entanto, ainda insiste em cair nessas armadilhas!"

"Cala a boca!" - ordenei, num arremedo de firmeza.- "Eu sou capaz de lidar com isso...sozinha."

"Sim, eu bem sei. Não precisas da ajuda de ninguém para tomardes uma decisão estúpida. Apenas mais tarde, quando estiveres chorando as conseqüências, é que mendigarás a atenção das pessoas mais irrelevantes para aplacar vossa solidão."

"Eu odeio você. ODEIO."- eu disse, sem saber bem por quê. Queria ofendê-la de alguma forma. Magoá-la, feri-la. Fazê-la sentir ao menos um pouco do sofrimento que sempre me inflingia, embora soubesse que era impossível atingí-la. Minha inimiga implacável.

Silêncio. Ela havia se calado, desferido seu golpe mais mortal. E não existe abandono mais doloroso do que enfrentar a indiferença de nossa própria consciência.