sexta-feira, junho 04, 2004

Procurei em todos os lugares, sob todas as formas. Nas artes, nas ruas, nas pessoas, nas leis,nas contravenções.Procurei nas estrelas, e elas me apontaram um caminho impossível de ser trilhado. Voltei á terra e tudo o que encontrei foi mofo.Ai daquele que abre esta Caixa de Pandora, sem ter certeza de que viverá para ver o fim da jornada!
Vomitei, por dias seguidos, a podridão da vida.Contei os pombos que passavam em frente á minha janela: cada pombo um mau agouro, cada morte uma lágrima. Não mais.Dentro daquelas paredes escuras, marcas de uma violência que me era estranha.Eram gritos que ressoavam na madrugada, vindos de dentro dos tijolos, em meio aos azulejos, em toda parte.Eram eles! Eles que afugentaram os meus sonhos! Eles que roubaram tudo o que eu possuía de mais precioso!
Ignorante das seqüelas que teria de amargar pelo resto de minha indefinida existência, produzi o máximo de destruição possível.Poças d´água convertiam-se em avalances de desejo e vingança.Eu, que havia sido feita para amar, agora era a personificação da dor que se inflinge a quem nos inspira a mais irracional das aversões.Sangue. Ossos. Ira.A carne era arrancada aos pedaços pelas garras da incompreensão e do medo.Era só uma folha de papel, mas era tudo o que me restava!
Era isso. Eu nunca fora condenada.