sexta-feira, junho 04, 2004

Abri devagar a porta, sem me preocupar em não fazer barulho. Sabia que seria impossível escapar. Não o olhei nos olhos, nem proferi palavra alguma. Não quis me defender, nem esperava que minha total passividade o compadecesse, ou à mulher que se fazia cúmplice e companheira de meu suplícios.
Chorei, mas foi um choro mudo e seco- sem lágrimas e sem soluços. Talvez não tenha sequer sido choro. Apenas gosto de pensar assim, para não descobrir que perdi por completo a capacidade de reagir aos abusos que sofria. Não mais por achar que os merecesse- e sim porque simplesmente não me importava mais.
Eu não me importava mais.