quarta-feira, agosto 04, 2004

Sentia a areia mover-se logo abaixo de meus pés. Era uma sensação quente, gostosa, de um conforto que me era tão absolutamente necessário. Fechei os olhos e gozei da vida, como se tudo o que me cercasse fosse feito de alegria. O vento balançou meus cabelos e eu ouvi ao longe a canção das pedras. Levava comigo tudo o que possuía, sentindo nos ombros o peso de um milhão de perguntas não respondidas, de frases não proferidas e de segredos sujos amarrotados pelos anos.
Atirei longe as promessas de cristal, que transformaram-se em centenas de gotas reluzentes, num grito visceral de mulher.