sábado, setembro 16, 2006

Naquela tarde, eu não vi o sol se pôr. As nuvens foram apenas escurecendo até que a noite se confundiu com o prenúncio da tempestade. Não houve poesia, nem amor que acalentasse minha alma. Os sons vinham distantes, alegres ou tristes, mas eram incapazes de tocar-me de qualquer forma. Sentia-me como o som do metal que ressoa no infinito.
Ajoelhei-me e pedi perdão a Deus inúmeras vezes, como se pudesse me livrarda culpa que me pesava nos ombros. Levei as mãos ao ventre, procurando abraçar o filho que talvez já não estivesse mais lá. Minhas mãos eram frias. Meu corpo estava frio. Tudo o que eu podia sentir era o frio daquele lugar que outrora fora repleto de felicidade e calor.

Eu queria morrer novamente, mas desta vez até mesmo esse pensamento era ilícito. Entrei em desespero ao lembrar de minha sentença. Esta haveria de ser longa e dolorosa em seu desenrolar, e ainda mais cruel em seu desfecho.

Foi a primeira vez em que experimentei o arrependimento.