sábado, setembro 16, 2006

Seus olhos doces eram o oposto dos meus. Fitava-me com a inocência típica de uma criança, e essa doçura tinha o efeito de uma lâmina rasgando-me as entranhas corrompidas pelo ódio e pela malícia.
-Por quê tens ódio das pessoas.... Não vês que afoga-te em teu próprio veneno?
Pegou em minha mão ferida, fazendo arder a carne exposta. Cada uma de suas carícias me provocavam uma dor lancinante, que eu suportava calada por achar que merecia. Deixei que puxasse meus cabelos, mordesse meus seios, arrancasse as cascas de meus machucados e introduzisse estranhos e imundos objetos em minhas partes íntimas. A cada aflição eu secretamente ansiava por uma dor maior, esperando resignar-me da culpa e fazer-me digna de um perdão que só poderia alcançar na morte. Eu suplicava pela redenção. Sabia que era a única saída para toda uma existência de humilhações.